segunda-feira, 30 de abril de 2012

mulheres...


Ela ligou o chuveiro e foi para lá lavar a alma. Sempre corria para o chuveiro quando se sentia desprotegida, desamparada. Colocou The Calling para tocar no último volume e deixou as lágrimas se confundirem com a água. 

Saiu do banho e parou de frente para o espelho. A toalha rosa amarrada ao corpo e os cabelos molhados.  Ficou se olhando ali e deixando a cabeça vagar. Penteou o cabelo com muita calma. Ouviu uma vez em um filme uma velhinha dizer que ' a maior alegria que uma mulher pode ter é ter os cabelos escovados '. Tentou isso. Não deu muito certo.

Se enfiou em baixo do cobertor e ligou o ventilador de teto. Ficou olhando para a parede. Fechou os olhos. Abriu de novo. Mudou de posição milhares de vezes. Sentou. Ajeitou o travesseiro. Levantou. Vagou sozinha pelo apertamento. Bebeu água, leite, suco... misturou todas as bebidas possíveis e nada adiantava.

A cabeça de uma mulher é um mundo. A única coisa que ela queria era a paz de antes. Só aquilo. Porque podia parecer uma bobeira, mas ela sabia que não era. O coração de uma mulher é um moinho. Ela sentia coisas com seu sexto sentido. Isso bastava.

O fato é que ela não conseguiu dormir a noite toda, mas, como toda mulher, ela tem muita garra. Desde cedo foi dona de si, trilhou a sua própria vida... nunca teve ninguém por ela e sempre soube disso. Aprendeu a conviver consigo e a apreciar a solidão. Ficou ali, chorando, deitada... esperando. De uma coisa, pelo menos, ela tinha certeza: no dia seguinte não havia nada que uma boa maquiagem e uns óculos escuros são resolvessem. Mulheres.

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